Não é fácil definir algo que nunca existiu. Mas é esse o meu propósito, durante esta espécie de apresentação. Nas próximas linhas tentarei verter por palavras uma ideia um pouco mirabolante. Ideia à qual resolvi batizar de LIVREARIA. Aquilo que virá a ser durante os tempos não é para estar completamente circunscrito, sendo que a intenção primordial passa por criar um espaço de tributo à palavra, aos livros e aos seus autores, tendo a liberdade, a confiança e o respeito como principais pilares da sua existência.

A LIVREARIA não pretende concorrer com livrarias, nem tão-pouco com alfarrabistas ou bibliotecas. Na verdade, não pretende concorrer com coisa alguma. A intenção é participar no mercado livreiro de uma forma um pouco diferente. Tem dias em que me apetece chamar-lhe ‘boutique de livros’ e noutros, mais presunçosos, prefiro tratá-la por ‘joalharia literária’, não pela vontade de criar um ambiente armante ou intelectualmente elitista. Disso, quer-se a máxima distância. O mote é o desejo de que cada peça tenha o seu devido e merecido destaque. Portanto, não esperem deparar-se com um amontoado sufocante de ofertas. A LIVREARIA terá poucas jóias, ainda assim, estou convicto que será fácil descobrir (ou reencontrar), alguns dos mais belos livros da singular vida de cada um.

A porta estará aberta a todos, sem excepção. Quem quiser ficar ‘apenas’ a ler, não paga nada por isso. No caso de haver desejo de investir em algum artigo, manda a grandeza acertar contas. Poderá fazê-lo em qualquer comércio da vizinhança. Com o proveito (caso ele exista), pretende-se criar eventos de homenagem à palavra escrita, retribuindo de forma digna a quem a sabe soltar. Na LIVREARIA não haverá ninguém a ter conta. Tudo se irá basear nesse vínculo tão belo (e tão pisado), que é a confiança entre uns e outros.

Fora isso, pouco me apraz acrescentar. Apenas dar alarde do entusiasmo que me causa soltar amarras a esta barcaça. Todos sonham ter um Ferrari. O meu é este. E conto conduzi-lo enquanto me for sobrando lucidez e loucura. Considerem-se todos bem-vindos à primeira LIVREARIA do Mundo. Até 2822.

Manuel António Pimenta (Primeiro cuidador da coisa)